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A escrava Isaura

por Bernardo Guimarães

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Agora os leitores já sabem, se é que ha mais tempo não adivinhárão, que a supposta Elvira não é mais do que a escrava Isaura, assim como Anselmo não passa do feitor Daniel, ambos os quaes são já nossos conhecidos antigos. Como tambem sabem, que Isaura não só era dotada de espirito superior, como tambem recebera a mais fina e esmerada educação, não lhe estranharão a distincção das maneiras, a elegancia e elevação da linguagem, e outros dotes, que fazião, com que essa escrava excepcional pudesse apparecer e mesmo brilhar no meio da mais luzida e aristocratica sociedade. Foi a situação desesperada, em que via sua querida filha, que inspirou a Daniel o expediente extremo de uma fuga precipitada, exposta a mil azares, e perigos. Lembrava-se elle com horror do miserando destino, de que em iguaes circumstancias fôra victima a mãe de Isaura, e bem sabia, que Leoncio, tão desalmado como o pae, e ainda mais corrupto e libertino, era capaz de excessos e attentados ainda maiores. Tendo perdido a esperança de libertar a filha, entendeo que podia utilizar-se da somma, que para esse fim tinha agenciado, empregando-a em arrancar a pobre victima das mãos do algôz, por qualquer meio que fosse. Bem via, que aos olhos do mundo tirar uma escrava da casa de seos senhores, e proteger-lhe a fuga, além de ser um crime, era um acto desairoso e indigno de um homem de bem; mas a escrava era uma filha idolatrada, e uma pérola de pureza, prestes a ser polluida ou esmagada pela mão de um senhor verdugo, e esta consideração o justificava aos olhos da propria consciencia. Bem se lembrára o infeliz pae de dar denuncia do facto ás autoridades, implorando a protecção das leis em favor de sua filha, para que não fosse victima das violencias e sevicias de seo dissoluto e brutal senhor. Mas todos a quem consultava, respondião-lhe a uma voz:--Não se metta em tal; é tempo perdido. As autoridades nada tem que ver com o que se passa no interior da casa dos ricos. Não caia nessa; muito feliz será, se sómente tiver de pagar as custas, e não lhe arrumarem por cima algum processo, com que tenha de ir dar com os costados na cadeia.--Onde se vio o pobre ter razão contra o rico, o fraco contra o forte?... Daniel entretinha relações occultas com alguns dos antigos escravos da fazenda de Leoncio, os quaes, lembrando-se ainda com saudades do tempo de sua boa administração, conservavão-lhe o mesmo respeito e affeição, e por meio delles tinha exacta informação do que se passava na fazenda. Sabendo dos crueis apuros, a que sua filha se achava reduzida depois da morte do commendador, não hesitou mais um instante, e tratou de tomar todas as providencias e medidas de segurança para roubar a filha, e pôl-a fóra do alcance de seo barbaro senhor. Na mesma madrugada, que seguio-se á tarde, em que a raptou, fazia-se de véla com Isaura para as provincias do norte em um navio negreiro, de que era capitão um portuguez, antigo e dedicado amigo seo. Este chegando ás alturas de Pernambuco, como dahi tinha de singrar para a costa da Africa, largou-os no Recife, promettendo-lhes, que dentro em tres ou quatro mezes estaria de volta e pronto a conduzil-os para onde quizessem. Daniel, que em sua profissão de jardineiro ou de feitor havia passado a vida desde a infancia, dentro de um horizonte acanhado e em circulo mui limitado de relações, tinha pouco conhecimento e nenhuma experiencia do mundo, e portanto não podia calcular todas as consequencias da difficil posição, em que ia collocar a si e a sua filha. Durante os longos annos, que esteve feitorando a fazenda do commendador e de outros, não se déra senão uma ou outra fuga insignificante de escravos, por poucos dias e para alguma fazenda vizinha, e portanto não é para admirar, que elle quasi completamente ignorasse a amplitude dos direitos, que tem um senhor sobre o escravo, e os infinitos meios e recursos de que pode lançar mão para captural-os em caso de fuga. Entendeo pois, que em Pernambuco poderia viver com sua filha em plena seguridade, ao menos por tres ou quatro mezes, uma vez que se afastassem da sociedade o mais que pudessem, e procurassem esconder sua vida na mais completa obscuridade. Isaura tambem, se bem que tivesse o espirito mais atilado e esclarecido, longe do objecto principal de seo terror e aversão, não deixava de sentir-se tranquilla, e até certo ponto descuidosa dos perigos a que vivia exposta. Mas essa tal ou qual tranquillidade só durou até o dia, em que pela primeira vez vio Alvaro. Amou-o com esse amor exaltado das almas elevadas, que amão pela primeira e unica vez, e esse amor, como bem se comprehende, veio tornar ainda mais critica e angustiosa a sua já tão precaria e misera situação. Alvaro tinha na physionomia, nas maneiras, na voz e no gesto, um não sei quê de nobre, de amavel e profundamente sympathico, que avassalava todos os corações. O que não seria elle para aquella, que unica até ali lhe soubera conquistar o amor. Isaura não poude resistir a tão prestigiosa seducção; amou-o com o ardor e enthusiasmo de um coração virgem; e com a inprevidencia e cegueira de uma alma de artista, embora não visse nesse amor mais do que uma nova fonte de lagrimas e torturas para seo coração. Medindo o abysmo, que a separava de Alvaro, bem sabia que de nenhuma esperança podia alimentar-se aquella paixão funesta, que deveria ficar para sempre sepultada no intimo do coração, como um cancro a devoral-o eternamente. No seo calix de amarguras, já quasi a transbordar, tinha de receber da mão do destino mais aquelle travo cruel, que lhe devia queimar os labios e envenenar-lhe a existencia. Já bastante lhe pesava andar enganando a sociedade a respeito de sua verdadeira condição; alma sincera e escrupulosa, envergonhava-se comsigo mesma de impor ás poucas pessoas, que com ella tratavão de perto, um respeito e consideração a que nenhum direito podia ter. Mas considerando que de tal disfarce nenhum grande mal podia resultar á sociedade, conformava-se com sua sorte. Deveria porém ella, ou poderia sem inconveniente manter o seo amante na mesma illusão? Com seo silencio, conservando-o na ignorancia de sua condição de escrava, deveria deixar alimentar-se e crescer profunda e energica paixão, que o moço por ella concebera?... não seria isto um vil embuste, uma indignidade, uma traição infame? não teria elle o direito, ao saber da verdade, de acabrunhal-a de amargas exprobrações, de desprezal-a, de calcal-a aos pés, de tratal-a emfim como escrava abjeta e vil, que ficaria sendo? --Oh! isto para mim seria mais horrivel que mil mortes!--exclamava ella no meio do angustioso embate de idéas, que se lhe agitavão no espirito.--Não, não devo illudil-o; isto seria uma infamia ... vou-lhe descobrir tudo; é esse o meo dever, e hei-de cumpril-o. Ficará sabendo, que não pode, que não deve amar-me; porém ao menos não ficará com o direito de desprezar-me ... uma escrava, que procede com lisura e lealdade, pode ao menos ser estimada. Não; não devo enganal-o; hei de revelar-lhe tudo. Esta era a resolução que lhe inspiravão seo natural pundonor e lealdade, e os dictames de uma consciencia recta e delicada, mas quando chegava o momento de pôl-a em pratica fraqueava-lhe o coração, e Isaura ia differindo de dia para dia a execução de seo proposito. Fallecia-lhe de todo a coragem para quebrar por suas proprias mãos a doce chiméra, que tão deliciosamente a embalava, e em que ás vezes conseguia esquecer por longo tempo sua misera condição, para lembrar-se sómente que amava e era amada. --Deixemos durar mais um dia--reflectia ella comsigo,--esta illusoria, mas ineffavel ventura. Sou uma condenada, que arrancão da masmorra para subir ao palco e fazer por momentos o papel de rainha feliz e poderosa; quando descer, serei de novo sepultada em minha masmorra para nunca mais sahir. Prolonguemos estes instantes; não será licito deixar passar ao menos em sonhos uma hora de felicidade sobre a fronte do infeliz condenado?... sempre será tempo de quebrar esta fragil cadeia de ouro, que me prende ao céo, e baquear de novo no inferno de meos soffrimentos. Nesta indecisão, nesta lucta interna, em que sempre a voz da paixão abafava os dictames da razão e da consciencia, passarão-se alguns dias até áquelle, em que Alvaro os induzio por meios quasi violentos a acceitarem convite para um baile. Desde então Isaura entendeo que seria uma deslealdade, uma infamia inqualificavel, conservar por mais tempo o seo amante na illusão a respeito de sua condição, e que não havia mais meio de prolongar, sem desdouro para elles, tão falsa e precaria situação. Era muito abusar da ignorancia do nobre e generoso mancebo! uma escrava fugida apresentar-se em um baile, e apavonar-se em seo braço á face da mais brilhante e distincta classe de uma importante capital!... era pagar com a mais feia ingratidão e a mais degradante deslealdade os serviços, que com tanta delicadeza e amabilidade lhe havia prestado. Isto repugnava absolutamente aos escrupulos, da melindrosa consciencia de Isaura. É verdade, que Miguel atterrado pelas considerações, que Alvaro lhe fizera, vio-se forçado a annuir ao seo gracioso convite; Isaura porém guardára absoluto silencio, o que ambos tomárão por um signal de aquiescencia. Enganavão-se. Isaura recolhida ao silencio não fazia mais do que tentar esforços supremos para sacudir o fardo daquelle disfarce, que tanto lhe pesava sobre a consciencia, rasgando resolutamente o véo, que encobria aos olhos do amante sua verdadeira condição. Por mais porém que invocasse toda a sua energia e resolução, no momento decisivo a coragem a abandonava. Já a palavra lhe pairava pelos labios entre-abertos, já tinha o passo formado para ir prostrar-se aos pés de Alvaro, mas encontrando pousado sobre ella o olhar meigo e apaixonado do mancebo, ficava como que fascinada; a palavra não ousava romper os labios paralysados e refluia ao coração, e os pés recusavão-se ao movimento como se estivessem pregados no chão. Isaura estava como o desgraçado a quem circunstancias fataes arrastão ao suicidio, mas que ao chegar á borda do precipicio medonho em que deseja arrojar-se, recua espavorido. --Fraca e covarde creatura que eu sou!--pensou ella por fim esmorecida:--que miseria! nem tenho coragem para cumprir um dever! não importa; para tudo ha remedio; cumpre que elle ouça da boca de meo pae, o que eu não tenho animo de dizer-lhe. Esta idéa luzio-lhe no espirito como uma taboa salvadora; agarrou-se a ella com soffreguidão, e antes que de novo lhe fraqueasse o animo, tratou de pôl-a em execução. --Meo pae,--disse ella resolutamente, apenas Alvaro transpoz o portão do pequeno jardim,--declaro-lhe, que não vou a esse baile; não quero, nem devo por forma nenhuma lá me apresentar. --Não váis?!--exclamou Miguel attonito.--E por que não disseste isto ha mais tempo, quando o senhor Alvaro ainda aqui se achava? agora que já demos nossa palavra... --Para tudo ha remedio, meo pae,--atalhou a filha com febril vivacidade--e para este caso elle é bem simples. Vá meo pae depressa á casa desse moço, e diga-lhe o que eu não tive animo de dizer-lhe; declare-lhe quem eu sou, e está tudo acabado. Dizendo isto, Isaura estava palida, fallava com precipitação, os labios descorados lhe tremião, e as palavras proferidas com voz convulsa e estridente, parecia que lhe erão arrancadas a custo do coração. Era o resultado do extremo esforço que fazia, para levar a effeito tão penivel resolução. O pai olhava para ella com assombro e consternação. --Que estás a dizer, minha filha!--replicou-lhe elle--estás tão palida e alterada!... parece-me que tens febre ... soffres alguma cousa? --Nada soffro, meo pae; não se inquiete pela minha saúde. O que eu estou lhe dizendo é que é absolutamente necessario, que meo pae vá procurar esse moço e confessar-lhe tudo... --Isso nunca!... estás louca, menina?... queres que eu te veja encerrada em uma cadeia, conduzida em ferros para a tua provincia, entregue a teo senhor, e por fim ver-te morrer entre tormentos nas garras daquelle monstro! oh! Isaura, por quem és, não me falles mais nisso. Emquanto o sangue me girar nestas veias, emquanto me restar o mais pequenino recurso, hei-de lançar mão delle para te salvar.... --Salvar-me por meio de uma indignidade, de uma infamia, meo pae!... retorquio a moça com exaltação.--Como posso eu, sem commetter a mais vil deslealdade, apparecer apresentada por elle como uma senhora livre em uma sala de baile?... Quando esse senhor e tantas outras illustres pessoas souberem que hombreou com ellas, e a par dellas dançou uma miseravel escrava fugida... --Cala-te, menina!--interrompeo o velho, incommodado com a exaltação da filha.--Não falles assim tão alto ... tranquilliza-te; elles nunca saberão de nada. O mais breve que puder ser deixaremos esta terra; ámanhã mesmo, se for possivel. Embarcaremos em qualquer paquete, e iremos para bem longe, para os Estados-Unidos, por exemplo. Lá, segundo me consta, poderemos ficar fóra do alcance de qualquer perseguição. Eu com o meo trabalho, e tu com as tuas prendas e habilitações, podemos viver sem soffrer necessidades em qualquer canto do mundo. --Ah! meo pae! essa idéa de irmos para tão longe, sem esperança de um dia podermos voltar, me opprime o coração. --Que remedio, minha filha!... já agora, ainda que tenhamos de ir parar ao fim do mundo, nos é forçoso fugir ás garras do monstro. --Mas esse moço, que tanto se interessa por nós, o senhor Alvaro, nobre e generoso como é, sabendo da minha verdadeira condição, e das terriveis circumstancias que nos obrigão a andar assim fugitivos e disfarçados pelo mundo, talvez queira e possa nos amparar e valer contra as perseguições. --E quem nos affiança isso?... o mais certo é elle entregar-te ao desprezo, logo que saiba que não passas de uma escrava fugida, se despeitado com o logro que levou, não for o primeiro a denunciar-te á policia. No transe em que nos achamos, é de absoluta necessidade enganar a elle e a todos; se revelarmos a quem quer que seja o segredo de nossa posição, estamos perdidos. Toma coragem, e vamos ao baile, minha filha; é um sacrificio cruel, mas passageiro, a que devemos nos sujeitar a bem de nossa segurança. Em breve estaremos longe, e se algum dia souberem quem tu eras, que nos importa? nunca mais nos verão o rosto, nem ouvirão nossos nomes. Tens a consciencia escrupulosa em demasia. Se ignorão quem tu és, a tua companhia em nada os pode infamar. Com isso não fazes mal a ninguem; é uma medida de salvação, que todos te perdoarião. --Meo pae parece que tem razão; mas não sei por que, repugna-me absolutamente ao coração dar esse passo. --Mas é preciso dal-o, minha filha, se não queres para nós ambos a desgraça e a morte. Se não formos a esse baile, e desapparecermos de um dia para outro, como nos é forçoso, então as suspeitas que começamos a despertar, tomarão muito maior vulto, e a policia pôr-se-há á nossa pista, e nos perseguirá por toda parte. É um sacrificio na verdade, mas não será elle muito mais suave do que as perseguições da policia, a prisão, as torturas e a morte, que é o que podes esperar em casa de teo senhor?... Isaura não respondeo; seo espirito agitava-se entre as mais pungentes e amargas reflexões. As palavras de seo pae a tinhão abismado em glacial e profundo desalento. Aturdida por tantos golpes, sua alma debatia-se em um mar de duvidas e perplexidades, como fragil barca em meio de um oceano irritado, sacudida aos boléos por vagalhões desencontrados. O grito de sua consciencia escrupulosa e delicada, a lisura e sinceridade de seo coração, que não podia accomodar-se com o embuste e a mentira, e uma especie de vago presentimento que lhe pesava sobre o espirito, a desviavão daquelle baile, e por momentos parecião fixar definitivamente a sua resolução; e firme neste proposito dizia comsigo mesma:--não, não irei. Por outro lado as considerações de seo pae, que parecião tão razoaveis e sensatas, bem como o desejo de ver Alvaro ainda uma vez, de gozar por algumas horas a sua presença, fazião-lhe de novo fluctuar o espirito no mar das irresoluções. A lembrança de que em breve, talvez no dia seguinte, tinha de deixar aquella terra e separar-se de Alvaro, sem esperança alguma de jámais tornar a vel-o, sem poder dizer-lhe um adeos, sem que elle pudesse saber quem ella era, nem para onde ia, dilacerava-lhe o coração. Partir sem ter um ente a quem apertar nos braços na hora da despedida, nem ter um seio onde verter as lagrimas da mais pungente saudade; partir para levar uma vida errante e fugitiva, sem esperança nem consolação alguma, atravéz de mil trabalhos e perigos, para terminal-a talvez entre os tormentos da mais atroz escravidão, oh!... isto era pavoroso!--e, entretanto, era esse o unico futuro, que a pobre Isaura tinha diante dos olhos. Mas não; tinha ainda diante de si uma noite inteira de prazer e de ventura, uma noite esplendida de baile e regozijo de seo amante, respirando o mesmo ar, inebriando-se de sua voz, bebendo o seo halito, recolhendo dentro d’alma seos olhares apaixonados, sentindo na sua a pressão daquella mão adorada, contando as pulsações daquelle coração, que só por ella palpitava. Oh! uma noite assim valia bem uma eternidade, viessem depois embora as angustias e perigos, a escravidão e a morte! Candida e modesta como era, nem por isso Isaura deixava de ter consciencia do quanto valia. Vendo-se o objeto do amor de um jovem de espirito elevado, e dotado de tão nobres e brilhantes qualidades como Alvaro, ainda mais se confirmou na idéa que de si mesma fazia. Com sua natural perspicacia e penetração, bem depressa convenceo-se, de que o affecto que o mancebo lhe consagrava, não era simples e superficial homenagem rendida a seos encantos e talentos, nem tão pouco passageiro capricho de mocidade, mas verdadeira paixão, sincera, energica e profunda. Era isto para ella motivo de um orgulho intimo, que a elevava a seos proprios olhos, e por momentos a fazia esquecer-se que era uma escrava. --Estou convencida de que sou digna do amor de Alvaro, se não, elle não me amaria; e se sou digna de seo amor, por que não o serei de me apresentar no seio da mais brilhante sociedade? A perversidade dos homens pode acaso destruir o que ha de bom e de bello na feitura do creador? Assim reflectia Isaura, e exaltada com estas idéas e com a seductora perspectiva de algumas horas de ineffavel ventura em companhia do amante, exclamava dentro d’alma.--Hei de ir, hei de ir ao baile!-- Emquanto Isaura, silenciosa e com a face na mão, se embebia em suas cismas, procurando firmar-se em uma resolução, o pae não menos inquieto e preoccupado, passeava distrahido entre os canteiros do jardim, aguardando com anciedade uma resposta definitiva de sua filha. --Irei, meo pae, irei ao baile,--disse ella por fim levantando-se, mas vou preparar-me para elle como a victima que tem de ser conduzida ao sacrificio entre canticos e flores. Tenho um cruel presentimento, que me acabrunha... --Presentimento de que, Isaura?... --Não sei, meo pae; de alguma desgraça. --Pois quanto a mim, Isaura, o coração como que está-me adivinhando, que de ir a esse baile resultará a nossa salvação.

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