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Dois CoraçÔes

por AnĂŽnimo

Capitulo 3

Dizer que o Dr. Tiago queria ter no escritório dele foi o que bastou para as outras meninas começarem a dar risadinhas e a Dra. Pietra fechar a cara novamente.

VocĂȘ se levanta e tenta fazer sua cara mais angelical e inocente possĂ­vel: "Nossa, o que estĂĄ acontecendo? Por que ele quer falar comigo?" E se dirige atĂ© o Ășltimo andar, dos trĂȘs que o escritĂłrio ocupa no prĂ©dio. Naquele andar ficam as salas de reuniĂŁo e as salas dos sĂłcios fundadores. O andar Ă© todo decorado em estilo madeira, desde o piso atĂ© a parede. Pode ser chique e dar uma sensação de seriedade, mas vocĂȘ acha que o ambiente fica tĂŁo escuro e triste. Uma secretĂĄria te conduz atĂ© a sala do Dr. Tiago.

A sala dele é composta de dois ambientes: uma pré-sala, em que hå quatro poltronas dispostas uma de frente para a outra com uma mesinha no centro. Ao fundo, a mesa de trabalho dele, com um monitor imenso na lateral e com duas cadeiras de frente para a mesa. A recepcionista te instrui a ficar na pré-sala, pois ele estå em uma ligação.

VocĂȘ senta na cadeira que fica de frente para ele. Ainda que bem de longe, dĂĄ para perceber que ele parece bastante concentrado na ligação, aparentemente em inglĂȘs.

Ao fundo de onde vocĂȘ estĂĄ sentada, hĂĄ um mini bar, com algumas bebidas. Na parede do seu lado direito, vocĂȘ vĂȘ que hĂĄ uma pequena biblioteca particular, com a maioria dos livros sendo de direito, mas com alguns clĂĄssicos da literatura tambĂ©m, como A OdissĂ©ia, Madame Bovary, O Grande Gatsby, Crime e Castigo, um livro de contos do Machado de Assis, mas, na prateleira de baixo, hĂĄ alguns livros mais populares, como o CĂłdigo Da Vinci, e, ao lado, um livro com uma capa que vocĂȘ pode jurar ser do 50 tons de cinza.

Hum, quem diria? serĂĄ que ele curte essas coisas de amarrar funcionĂĄrias em cima da mesa? SerĂĄ que ele tem uns contratinhos secretos naquelas gavetas?

Do outro lado, uma coleção de parede inteira lotada de action figures de desenhos animados japoneses, desde os clĂĄssicos como Ciber Cops e Ninja Jiraya, passando pela coleção completa de armaduras dos Cavaleiros do ZodĂ­aco, indo atĂ© uma quantidade enorme de pokĂ©mons e personagens de Naruto e One Piece. SerĂĄ que esse cara Ă© otaku? Se for, vocĂȘ, como tem ascendĂȘncia japonesa por parte de pai, pode atĂ© mesmo atrair sua atenção em um primeiro momento. Isso nĂŁo quer dizer que ele vai ficar apaixonado por vocĂȘ, mas que ele pode despertar alguma curiosidade por vocĂȘ, a isso pode.

Ele acaba sua ligação, te dĂĄ bom dia e pede para vocĂȘ se sentar em uma das cadeiras perto da mesa dela. VocĂȘ faz isso. EntĂŁo, ele se levanta da cadeira e se senta em cima da mesa de madeira, de frente para vocĂȘ. Hoje ele estĂĄ usando uma camisa polo escura, com corte bem ajustado ao seu corpo, realçando seus mĂșsculos, com uma calça de sarja clara e sapato sem meia. O bicho, alĂ©m de bonito, sabia se vestir bem. SĂł que, sentado daquele jeito, ele ficava ainda maior que vocĂȘ. VocĂȘ, se mantivesse sua cabeça reta, teria visĂŁo apenas da cintura dele. Para olhar em seu olho, sĂł torcendo muito seu pescoço. Ao mesmo tempo, ele, lĂĄ do alto, ficava ainda mais intimidador.

VocĂȘ nĂŁo tem a mĂ­nima ideia do assunto que te trouxe para o escritĂłrio dele. Pode ser:

(A) Ele quer acabar com vocĂȘ, brigando e falando que vocĂȘ nĂŁo terĂĄ futuro na empresa dele por ser mal-criada e tĂȘ-lo xingado e chantageado.

(B) Ele quer acabar com vocĂȘ, mas do jeito bom, te jogando no tapete da sala dele e te pedindo para dizer "oppa" (se bem que isso Ă© coreano, nĂŁo japonĂȘs. Bom, tanto faz, esses otakus confundem tudo).

(C) Ele vai falar sobre um assunto qualquer que claramente poderia ter sido conversado pelo telefone, o que vai te deixar ainda mais curiosa para o motivo pelo qual vocĂȘ veio aqui.

(D) Todas as anteriores.

SĂł que aĂ­ ele fala:

— Então, sobre as mensagens...

Droga, vocĂȘ sabe que tem que trabalhar seu lado emocional para evoluir profissionalmente. NĂŁo dĂĄ para reagir de forma explosiva e impensada o tempo todo. Mas vocĂȘ sabe que isso sĂł pode ser resolvido com o tempo, e nĂŁo Ă© uma hora para a outra. EntĂŁo ali, naquela sala, a sala dele, com ele claramente em posição de superioridade em relação a vocĂȘ, mais uma vez vocĂȘ deixa sua emoção explodir e as frases todas vĂȘm numa torrente:

— Desculpa, eu nĂŁo sou mal-criada, Ă© que achei que iria ficar no prejuĂ­zo, eu estava na faixa de ciclistas, onde achei que estava segura, entĂŁo estava um pouco distraĂ­da mesmo. AlĂ©m disso, ontem minha roupa rasgou, meu celular quebrou, tive que gastar todo o limite do meu cartĂŁo nesse shopping ao lado, onde tudo Ă© caro, e vou ficar o mĂȘs inteiro sem limite para se eu precisar comprar algo que meu filho esteja precisando. E eu sĂł estava pedindo um telefonema, nĂŁo era nada demais. Eu sei que se o segurado pressiona a companhia de seguros eles analisam mais rĂĄpido, e eu tambĂ©m nĂŁo sabia que o senhor era o senhor, quero dizer, doutor, quero dizer, desculpa.

Aquela explosão de informaçÔes, uma após a outra como uma verdadeira metralhadora, o deixou sem fala por alguns segundos. Depois, ele finalizou:

— Eu sĂł iria falar que tinha entendido que vocĂȘ estava chaetada por ter tinha tido um gasto considerĂĄvel pelo evento de ontem e eu depositei na sua conta o valor da indenização.

Aiii, que fofo. Ele Ă© tĂŁo gentil e bonzinho, ele te deu dinheiro para pagar o cartĂŁo e vocĂȘ pensando mal e atormentando o coitado. SerĂĄ que ele Ă© solteiro? Bom, ele nĂŁo usa aliança. SerĂĄ que ele estĂĄ pensando em brincar de te amarrar? Vai que isso faz parte do pacote de benefĂ­cios do escritĂłrio: Vale alimentação, Vale transporte e Vale Amarração pelo chefinho? Se for, nĂŁo vai ser vocĂȘ que vai reclamar no RH.

Mas depois ele complementa:

- E quando a companhia te reembolsar, vocĂȘ me devolve.

Ah, ele sĂł estĂĄ te emprestando o dinheiro. Ele nĂŁo estĂĄ fazendo mais do que sua obrigação, entĂŁo, jĂĄ que a culpa foi dele. Bom, mas ainda assim ele foi legal, entĂŁo vocĂȘ responde:

— Obrigada, Dr. Tiago, vocĂȘ foi muito gentil. Assim que a companhia me ressarcir, eu jĂĄ te devolvo, na mesma hora.

— Tudo bem, sem pressa. Mas eu te chamei aqui por outro motivo.

E, dizendo isso, ele se levanta da mesa, vai atĂ© sua impressora, pega um papel e se senta na cadeira atrĂĄs da mesa, ficando de frente para vocĂȘ.

Quando ele se levantou, vocĂȘ viu de relance que na mesa de trabalho dele havia algumas fotos de uma mulher linda, loira de olhos azuis, e de uma menininha, com cerca de seus 8 anos, ao lado dela. Claramente a menininha tinha alguns traços dele e da moça que estava na foto. As fotos mostravam as duas em diversos lugares pelo mundo: Paris, Roma, Disney. VocĂȘ sente seu sangue correr mais lento e seu coração murchar na mesma hora.

Poxa, vocĂȘ jĂĄ tinha percebido que ele nĂŁo usava aliança, entĂŁo nĂŁo pensou que ele fosse comprometido. Mas Ă© que existem caras que nĂŁo gostam mesmo de usar aliança. EntĂŁo vocĂȘ entendeu tudo errado, com certeza absoluta.

Ele não percebe sua decepção e começa a ler a folha em sua mão:

— O projeto Ă© uma completa e total perda de tempo e dinheiro, jĂĄ que, ao final, a empresa serĂĄ tributada da mesma forma e pelo mesmo Ă­ndice de antes do projeto.

VocĂȘ jĂĄ ouviu essas palavras em algum lugar, e entĂŁo ele continua:

— Com o afĂŁ de evitar a fiscalização da fazenda municipal, o projeto dĂĄ de bandeja para a fazenda estadual, que Ă© muito mais efetiva em sua cobrança, a chance de desconsiderar todas as operaçÔes da empresa nos Ășltimos cinco anos e tributĂĄ-la em um Ă­ndice muito maior.

Puts, foi vocĂȘ que escreveu isso. Ontem vocĂȘ estava com a palavra 'afĂŁ' na cabeça e quis colocar em qualquer contexto em que coubesse. VocĂȘ entĂŁo começa a se explicar:

— Dr. Tiago, eu estava...

— Dra. Juliana, eu li o seu currĂ­culo. Faculdade prestigiada; estĂĄgio, por concurso, na fazenda nacional... VocĂȘ se destacou no nosso processo seletivo por sua inteligĂȘncia e por estar com seu conhecimento jurĂ­dico em dia, mas hĂĄ um defeito muito grande em seu currĂ­culo: vocĂȘ nĂŁo sabe trabalhar em equipe.

Aquilo te pegou de jeito.

— Eu...

— Dra. Juliana, para mim, saber trabalhar em equipe Ă© tĂŁo ou atĂ© mesmo mais importante do que ser inteligente ou ter decorado toda a jurisprudĂȘncia dos tribunais superiores. Em uma grande empresa, vocĂȘ sempre trabalha com outras pessoas, Ă© um projeto conjunto, e tudo o que vocĂȘ faz deve ser supervisionado por uma e, por vezes, atĂ© duas pessoas, e o trabalho de todo mundo deve se complementar. EntĂŁo, dar crĂ­ticas e sugestĂ”es no trabalho dos outros Ă© normal e faz parte do dia a dia.

— Então, eu estava fazendo isso...

— Dra. Juliana! Essas palavras nosso escritório não usa nem para uma crítica interna! Quanto mais para ser enviado para o cliente.

— O quĂȘ?

— É, Dra. Juliana. VocĂȘ fez essas crĂ­ticas mal-educadas sobre o projeto que EU elaborei e enviou isso para o cliente, o MEU cliente. VocĂȘ me fez passar por um babaca perante ele. VocĂȘ me acha um babaca?

Hoje nĂŁo, sĂł ontem.

— Claro que não.

— Vou te explicar a ordem de valores do nosso escritĂłrio. Primeiro, vem o prĂłprio escritĂłrio, nĂłs sempre vamos nos defender acima de qualquer coisa. Segundo, vem a Ă©tica, e, em terceiro, o interesse do cliente. VocĂȘ vai trabalhar aqui com vĂĄrios advogados diferentes e jamais, ouça bem, JAMAIS vocĂȘ irĂĄ usar essas palavras para criticar o trabalho dos outros e, principalmente, nunca irĂĄ fazer qualquer crĂ­tica ao advogado na frente do cliente. Se for o caso, depois que o cliente for embora, vocĂȘ explica o que nĂŁo concorda, e, se precisar, fazemos posteriormente outra reuniĂŁo com o cliente; mas jamais na frente dele, para ele nĂŁo pensar que nĂŁo sabemos o que estamos fazendo, deu para entender? VocĂȘ protege o seu colega, e, fazendo isso, vocĂȘ protege a firma.

— Sim, entendi.

— Essa será sua segunda chance, está ouvindo? Não haverá terceira.

— Sim.

— VocĂȘ foi contratada porque todos da diretoria achamos que, por ser inteligente, vocĂȘ vai aprender a trabalhar em equipe. Espero que nĂŁo estejamos errados.

— Não estão.

— Ótimo, espero mesmo.

E entĂŁo vocĂȘ ouve a secretĂĄria dele na porta:

— Dr. Tiago, Ă© o Sr. Tomio na linha, Ă© a segunda vez que ele liga.

— Ok, espera dois minutos e passa para mim.

E, se dirigindo a vocĂȘ, ele fala:

— É o cliente para quem vocĂȘ enviou o e-mail. Vou tentar explicar para ele suas novas sugestĂ”es. Mas, se eu nĂŁo conseguir, vou marcar uma reuniĂŁo e vocĂȘ irĂĄ participar comigo para explicar para ele.

— Tá.

— Outra coisa, a conversa que tivemos morre aqui, nĂŁo comente isso com ninguĂ©m.

— Tudo bem.

VocĂȘ aperta o botĂŁo do elevador para seu andar com seu coração machucado. Por ter entendido tudo errado e pela bronca que recebeu. VocĂȘ Ă© adulta e tem um monte de gente no elevador junto com vocĂȘ, entĂŁo vocĂȘ segura e olha para cima para nĂŁo chorar na frente de desconhecidos.

Ao chegar no seu andar e sentar na sua cadeira, percebe que todas as suas colegas estĂŁo te olhando, esperando vocĂȘ contar o que aconteceu. Que droga, vocĂȘ nem pensou em nada. EntĂŁo, Aline pergunta:

— E aĂ­, amiga, o que foi? o que ele queria? Demorou, nĂ©?

A PĂąmela, a mais velha das suas colegas, comenta de forma maldosa:

— Ele queria te dar mais um bolinho?

Todas começaram a dar risada. VocĂȘ, mesmo chateada, sabe que se nĂŁo cortar essa palhaçada, vai ser alvo de fofocas, entĂŁo diz:

— Ai, para com isso gente, que babaquice. Ele ama sua esposa e famĂ­lia, Ă© Ăłbvio que ele nĂŁo quer nada comigo.

Elas se olham com cara de espanto e perguntam:

— Dra. Pietra, seu pai ainda ama sua mãe.

Ela, com sua cara de poucos amigos que lhe Ă© familiar, diz:

— Com certeza não, faz anos que ele não vai lá em casa.

Ah, agora vocĂȘ percebe a semelhança, ela Ă© filha dele, Ă© a menininha da foto. Pensando bem, deve ser por isso que ela fica de cara feia quando as meninas dĂŁo em cima do seu pai. DĂĄ para entender. Mas mesmo assim Ă© melhor cortar isso:

— Enfim, não tem nada a ver, só falamos sobre serviço.

NĂŁo adiantou nada. Pamela, na hora, jĂĄ fala:

— Poxa, ele nunca quis me chamar bater um papo sobre serviço comigo.

Aline também comentou:

— Ele nunca me chamou tambĂ©m.

Ei, nĂŁo Ă© para ela ficar ao seu lado? EntĂŁo Pietra comenta:

— Ele, com aquele jeito sabe-tudo dele, se conversar com alguĂ©m sobre trabalho vai ser sĂł para brigar ou ficar se vangloriando.

O assunto morre na mesma hora, dĂĄ para ver que a relação entre os dois nĂŁo Ă© muito boa. Enfim, vocĂȘ começa a se concrentar no serviço enquanto ainda tem um. VocĂȘ agora começa a prestar atenção e a escolher melhor as palavras para responder aos e-mails e analisar os contratos enviados. Ainda antes do almoço, o telefone toca na mesa da Aline. Ela atende e te passa, falando em voz baixa:

— É o Dr. Tiago.

— AlĂŽ — vocĂȘ diz ainda com uma pontada de ressentimento na voz.

— Oi, vocĂȘ ainda estĂĄ sem ramal?

— Sim, a Dra. Helena já pediu para verem isso.

— Ok, eu tentei de todo jeito justificar para o cliente mas nĂŁo deu, entĂŁo marquei uma reuniĂŁo para explicar pessoalmente, e ele fez questĂŁo de vocĂȘ participar.

— Tá bom, quando vai ser?

— Amanhã.

— AmanhĂŁ Ă© sĂĄbado.

— É urgente para ele. O escritório vai pagar hora extra dobrada.

Hum, vocĂȘ estĂĄ precisando.

— Que horas vai ser?

— Umas 10:00, vocĂȘ precisa chegar no escritĂłrio umas 8:20, vai ser no escritĂłrio dele, em Campinas. Vamos no meu carro mesmo.

— Não vai ser virtual?

— NĂŁo, o cliente Ă© um senhor de 80 anos, ele nĂŁo se dĂĄ bem com essas tecnologias.

VocĂȘ pensa no Francisco na mesma hora, Ă© o seu fim de semana de vocĂȘ ficar com ele.

— Vou confirmar e te falo.

— Confirma atĂ© umas 14:00, tudo bem?

— Tá bom.

Sua colega pergunta baixinho ao seu lado:

— Ele estĂĄ pedindo para sair com vocĂȘ, amiga?

— Não, ele quer que eu vá a um cliente dele para explicar uma análise que eu fiz.

— VocĂȘ sabe quem Ă© esse cliente?

—Ele sĂł falou que fica em Campinas e que Ă© um senhor de 80 anos.

— Deve ser o senhor Tomio, das indĂșstrias Tomio.

— Sim, foi este o nome que a secretária falou.

— É um dos melhores clientes do escritĂłrio. VocĂȘ falou que ainda iria confirmar?

— Falei.

— Melhor vocĂȘ dizer que vai.

É, ela estĂĄ certa. VocĂȘ tambĂ©m precisa pensar na sua carreira se nĂŁo quiser perdĂȘ-la. Isso automaticamente queria dizer que vocĂȘ iria ter que pedir para sua mĂŁe ficar com Francisco no sĂĄbado, nĂŁo tem como pedir para trocar o fim de semana com o pai dele, nĂŁo assim tĂŁo em cima da hora.

VocĂȘ tem atĂ© as 14:00 para confirmar. Melhor esperar atĂ© depois do almoço, sua mĂŁe vai estar com humor melhor.

Um pouco antes das duas, vocĂȘ começa a receber mensagens de ligação perdida da sua mĂŁe, que o seu celular fez o favor de te mandar todas ao mesmo tempo. Pelo que vocĂȘ vĂȘ, ela jĂĄ estĂĄ tentando hĂĄ meia hora falar com vocĂȘ sem conseguir. VocĂȘ pensa na hora no Francisco e liga para ela. Ela estĂĄ chorando.

— Filha, estou tentando falar com vocĂȘ hĂĄ meia hora.

— Eu sei, eu sei, mãe. Aconteceu alguma coisa com o Francisco?

— Não, seu tio acabou de ligar, seu avî morreu, o enterro vai ser amanhã.

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